"UM CASO DE VIDA OU DE MORTE"
Cinco dias antes da rendição da Alemanha nazi, em maio de 1945, um piloto inglês salta sem paraquedas das alturas de um avião em falência e não morre… Quando não é possível explicar um acontecimento aparentemente inexplicável, mais vale exercer o sadio agnosticismo de pensar que o que não tem remédio, remediado está , e passar ao problema seguinte. Passar para a estranha convicção que devem ter sentido os humanos que sobreviveram à Segunda Guerra Mundial de que o adiamento da sua morte em condições tão adversas para tal pode quase ser entendido como uma modalidade insólita de direito . Independentemente de quais fossem as suas convicções religiosas, Michael Powell e Emeric Pressburger escolheram claramente o seu campo de batalha cultural: o direito à vida (que, no fundo, é o direito a adiar a morte) requer uma atitude de desvalorização sistemática da transcendência. Aquilo que, numa primeira instância, chama a atenção em “Um caso de vida ou de morte” é a ironia quanto à possibili...